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  • André Martins

Indiana Jones do mundo da arte devolve estatueta roubada

Roubada há quase 50 anos de um museu em Amesterdão, a estatueta que retrata Baco ainda em criança foi devolvida a França graças ao trabalho de investigação de um detetive de arte.

Um investigador de arte holandês devolveu à diretora do Musee du Pays Chatillonnais uma rara estátua romana que tinha sido roubada há cerca de 50 anos. A estátua de bronze do Deus Baco do século I era considerada um dos tesouros mais importantes de França.


Arthur Brand, apelidado de "Indiana Jones do mundo da arte", é conhecido pelas suas descobertas que incluem uma pintura de Picasso e "Hitler's Horses", esculturas que outrora se encontravam à porta da chancelaria do líder nazi em Berlim.


Em dezembro de 1973, uns ladrões de arte partiram uma das janelas do museu e roubaram a estátua com cerca de 40 centímetros. "Os criminosos fugiram com algumas antiguidades romanas, cerca de 5.000 moedas romanas - mas mais importante ainda, a estátua de bronze de Baco em criança", disse Brand.


"A perda para o museu e para a comunidade foi enorme. Uma das suas mais preciosas antiguidades tinha sido roubada", disse Brand, momentos antes de devolver a estátua numa cerimónia num hotel em Amesterdão.
"Visto que na altura não existia um catálogo adequado de arte roubada, a estátua desapareceu no submundo e pensava-se que estava perdida para sempre".

A diretora do museu - conhecido pela sua coleção de artefactos romanos de Vertillum, uma antiga aldeia Gallo-Romana escavada pela primeira vez em 1846 - disse que foi um momento emocionante. "Quando a vi agora pela primeira vez, apercebi-me de como é muito mais bonita do que a cópia que temos em exposição" desde que o original foi roubado, admitiu Catherine Monnet.


"Caça ao tesouro"

A estátua reapareceu por mero acaso há dois anos quando um cliente austríaco contactou Arthur Brand para investigar uma estátua de um "rapazinho" que tinha comprado legalmente no circuito de arte.


Após meses de investigação, uma edição de 1927 de uma revista arqueológica francesa revelou finalmente uma pista: a escultura retrata Baco ainda em criança e pertencia a um museu francês. Com a ajuda de um relatório oficial da polícia francesa descobriu-se também que a estátua foi roubada a 19 de dezembro de 1973.


"Isto significa que tivemos de fazer um acordo. O colecionador austríaco comprou-a legalmente no mercado aberto onde provavelmente tinha sido vendida mais que uma vez ao longo das últimas décadas", disse o investigador. "Mas o proprietário ficou chocado ao saber que a peça tinha sido roubada e quis devolvê-la ao museu. Segundo a lei francesa, ele tinha direito a receber uma pequena quantia - uma fração do preço da estátua que podia valer milhões de euros", disse Brand.


Património francês

Dois colecionadores de arte britânicos, Brett e Aaron Hammond, patrocinaram metade da quantia, enquanto o conselho de Chatillon pagou a outra metade da quantia não revelada.


"Após 50 anos, é extremamente raro que um objeto roubado venha à superfície. Especialmente um objeto tão importante, que agora volta ao museu onde pertence", disse Brand.


A diretora do museu ficou encantada por ter a estátua de volta. "Esta é uma peça de arte particularmente importante, porque é muito rara e de grande qualidade", admitiu.


A estátua foi descoberta por arqueólogos em 1894, durante uma escavação no local de Vertillum, já declarada monumento histórico duas décadas antes.


Em 1937, a estátua de Baco fazia parte de uma exposição em Paris e foi considerada como um dos 50 tesouros artísticos mais bonitos de França, segundo Monnet. "Isto diz-vos apenas como esta peça de arte é importante para o património da França", sublinhou.

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