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André Martins

Estrelas no Brasil expressam fúria ao proíbirem 'manifestações políticas' em festival

Juiz eleitoral proíbiu 'propaganda' no Lollapalooza, meses antes das eleições de outubro

Pabllo Vittar gritava 'Fora Bolsonaro!' e segurava uma toalha com a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (Fotografia: Mauricio Santana)

Artistas e celebridades no Brasil expressaram indignação depois que um juiz eleitoral ordenou que um dos maiores festivais de música do país proibisse “manifestações políticas” de artistas após uma contestação legal do partido político do presidente Jair Bolsonaro.


Advogados que representam o partido Liberal de Bolsonaro fizeram sua petição ao Supremo Tribunal Eleitoral no sábado, depois que o líder de extrema-direita do Brasil foi ridicularizado no evento Lollapalooza deste fim de semana por estrelas pop e rappers, incluindo a cantora britânica Marina.


“Foda-se Bolsonaro. Foda-se ele. Estamos fartos dessa energia”, disse Marina aos fãs nesta sexta-feira, no início dos três dias de encontro em São Paulo.


Com as tensões políticas aumentando antes das eleições presidenciais de outubro no Brasil, os artistas brasileiros também expressaram sua fúria contra o governo de extrema direita de Bolsonaro, que supervisionou um ataque histórico ao meio ambiente e administrou catastroficamente uma pandemia de Covid que matou mais de 650.000 cidadãos.


A sensação pop Pabllo Vittar gritou “Fora Bolsonaro!” e dançou na multidão segurando uma toalha vermelha com uma imagem do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que as pesquisas sugerem que vencerá Bolsonaro em outubro.


O rapper Emicida exortou os adolescentes a se registrarem para votar, antes de gritar o grito de guerra do movimento de oposição: “Ei Bolsonaro, vai tomar no cu”, que educadamente se traduz como “Bolsonaro se empanturra”.


Advogados do partido liberal alegaram que as ações de Vittar e Marina constituíram “campanha prematura” e exigiram que tais propagandas pró-Lula e calúnias anti-Bolsonaro “descaradas” fossem interrompidas.


Em sua decisão, o ministro eleitoral Raul Araújo concordou que tal comportamento constituía “propaganda político-eleitoral”. Qualquer outra campanha eleitoral “ostensiva e extemporânea ” de músicos que se apresentavam no Lollapalooza era proibida, com multa de 50.000 reais por quaisquer violações.


Na reação, figuras públicas denunciaram o que muitos chamaram de ato de censura.


“Isso é autoritarismo. Isso é medo… não vamos e não devemos ficar calados”, disse o líder da igreja progressista Henrique Vieira, que se apresentou com Emicida no Lollapalooza.


Augusto de Arruda Botelho, advogado, tuitou : “Além de abrir um precedente extraordinariamente perigoso, isso é totalmente ilegal. Tempos sombrios.” E a cantora e compositora Zélia Duncan disse : “Ninguém cala a voz do povo”


A pop star Anitta ironizou a decisão. “50 mil? Caramba... um saco a menos”, ela deu de ombros , antes de twittar sarcasticamente: “SAIA BOLSONAROOOOO. Essa lei também se aplica fora do Brasil? Porque eu só toco em festivais internacionais.”


Um dos mais famosos apresentadores de televisão do Brasil, Luciano Huck, disse que a decisão remonta à ditadura militar de duas décadas no Brasil, quando um decreto linha-dura conhecido como Ato Institucional nº 5 proibiu a liberdade de expressão e reunião e autorizou o fechamento do Congresso.


“Em um festival de música, é o público que decide se vaiou ou aplaude a opinião de um artista que está no palco, não o supremo tribunal eleitoral”, tuitou Huck.


O clamor veio em um fim de semana quando a corrida eleitoral ansiosamente aguardada do Brasil – que alguns temem que possa ver atos de violência política – finalmente ganhou vida. Membros importantes da esquerda do Brasil se reuniram em um festival de música em Niterói, cidade próxima ao Rio, no sábado para comemorar o 100º aniversário do Partido Comunista do Brasil e saudar Lula como o político capaz de acabar com o que um orador chamou de “pesadelo de Bolsonaro”.


Dirigindo-se a milhares de simpatizantes de bandeiras nas espetaculares margens da Baía de Guanabara, Lula declarou: “Prepare-se, Brasil, porque vamos consertar este país”.


Criticando o “comportamento psicopata” de Bolsonaro, ele disse: “Pode ter certeza que vai ser difícil, mas vamos vencer e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para consertar este país e fazer o povo sorrir mais uma vez”.


Bolsonaro também parecia em modo de campanha ao comparecer diante de centenas de apoiadores na capital, Brasília, para se declarar pronto para lutar por um segundo mandato.


“Nosso inimigo não é externo, é interno. Esta luta não é esquerda contra direita. É uma luta do bem contra o mal – e vamos vencer essa luta”, prometeu o ex-capitão do Exército, que venceu a eleição em 2018 depois que Lula foi controversamente proibido de concorrer e preso.


Bolsonaro, de 67 anos, foi saudado como “o capitão do povo” ao subir ao palco com uma caneta esferográfica enfiada no bolso da camisa, em uma aparente tentativa de polir suas credenciais populistas. Vários seguidores usaram bonés com os dizeres “Bolsonaro 2022”.


O apresentador, Cuiabano Lima, comparou os esquerdistas ao diabo e comparou Bolsonaro a Jesus. “Este homem é o escolhido… e devemos seguir em frente porque o Brasil merece e o Brasil acredita”, disse ele.


Muitos políticos da oposição se perguntaram por que as declarações de artistas de esquerda foram consideradas eleitorais, enquanto tais pronunciamentos pró-Bolsonaro não foram. No início deste ano, o juiz por trás da decisão de domingo supostamente rejeitou petições semelhantes contra outdoors pró-Bolsonaro, alegando que não poderia ser provado que o presidente sabia de sua existência.


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